miércoles, 11 de febrero de 2009

Programa "La Liga" com legendas em português, para que o Brasil não copie a Argentina.




O 26 de agosto de 2008 o canal de televisão TELEFE da televisão aberta argentina emitiu o programa "La Liga" da produtora quatro cabeças.

No programa motivado pelo conflito com os ruralistas poderão saber mais um pouco do modelo da soja transgênica que existe na Argentina.

Tomara que o Brasil nunca copie esse modelo.

Créditos das legendas em português do programa:

Algumas aclarações
Mosquito ("Pernilongo")

é o apelido dado ao veiculo que pulveriza os campos.

Alfredo de Angeli.




Dirigente da Federação Agrária de Gualeguaychú e da Assembléia de Gualeguaychú.
A Assembléia de Gualeguaychú liderou as protestas contra as papeleiras que se instalaram em Uruguai.

A cidade fica na divisa com Uruguai e a instalação das papeleiras podia produzir danos ecológicos na região. De Angeli é um "abanderado" da ecología.

Logo foi uns dos que partiu para protestar, bloqueando as estradas, contra o aumento às retenções, os impostos aos produtos agrícolas.

No vídeo ele fala sobre os transgênicos e o glifosato....Mas diz que não sabe de nada e que isso não é um problema dele...
Programa "La Liga" 26 de agosto de 2008.







Programa de televisão A Liga, dedicado aos trasngênicos from Partido Pirata Argentino on Vimeo.
Programa "La Liga" 26 de agosto de 2008.








Muito Obrigado a Bartira e a Transgênicos Não pelo apoio.

"Em pouco menos de quinze anos, o consumo de glifosato se multiplicou 180 vezes"

Fonte Adital.
Entrevista: Graciela Cristina Gómez
A advogada ambientalista e escritora argentina Graciela Cristina Gomez é uma das militantes mais credenciadas quando o assunto é o uso indiscriminado de agrotóxicos, principalmente no que se refere à utilização do glifosato. Em entrevista à Adital, ela fala sobre a situação na Argentina, país onde os movimentos ambientais patrocinam uma luta árdua contra os danos causados por substâncias nocivas à saúde do ser humano e do meio ambiente como um todo. Confira.
Adital - Quando o assunto é o uso indiscriminado de agrotóxicos, Argentina é um dos países que menos acata as considerações ambientais sobre os danos causados por essas substâncias. Ante esse panorama, imaginamos que a luta dos advogados ambientalistas e dos próprios movimentos ambientais vai de encontro aos interesses de empresas poderosas, como é o caso da Monsanto. Uma luta injusta. Nós gastaríamos que a senhora falasse um pouco sobre isso.

Graciela Cristina Gomez
- Efetivamente, o colega Mariano Aguilar traduz isso como "David contra Golias": estão muito confiantes de sua força, isso é um erro. Não usaremos uma atiradeira, mas a realidade empírica, o efeito cascata de milhares de denúncias e a negociação da evidência que já não se pode esconder da sociedade, farão que caia por seu próprio peso. Pretender tapar o sol com uma mão é o que demonstram organismos como Senasa, Aapresid ou Casafe.

Importam-nos muito pouco seus interesses, os interesses políticos, legisladores, ministros que deveriam renunciar ou secretários minimizados o tema, querendo nos "incluir", o que, na realidade, é "excluir em saúde" neste tema de geleiras ou mineradoras a céu aberto. Atuam como mercenários e muitos deles fazem parte do monopólio dos meios, a serviço da multinacional. É uma vergonha que a Comissão de saúde de Deputados desconheça o que está acontecendo, pagamos a dieta desses ineptos, deveriam renunciar, porque, sendo médicos, muitos deles são cúmplices; de outra maneira, não se entende que não atuem.

Adital - Em que nível se dá a conivência desses projetos vinculados à soja transgênica com os órgãos do governo? Há muitas denúncias sobre a cumplicidade das autoridades argentinas?

Graciela Cristina Gomez - A todo nível. Há cientistas, médicos, universidades, políticos, jornalistas e parasitas enquistados no mesmo estado, atacando-nos e pressionando de uma ou de outra forma, para nos calar, minimizando ou tratando de casos isolados os milhares de meninos com malformação, câncer, doenças respiratórias, alergias e uma inumerável lista de doenças denunciadas pelo doutores Gomez Demaio, Paramo, Lucero, Gianfelici e médicos rurais de cada província.
Inclusive o Colégio de Engenheiros Agrônomos denunciou 100 casos de nascimentos com malformação por ano em Santiago do Estero, enquanto outros colegiados, aeronavegantes, produtores e organismos que vêm afetando seu status quo, mediante "apertos" e todo tipo de mensagens subliminares ou aplicando a censura pretendem cegar a informação que brindamos, amedrontando nosso acionar. Sem conseguir, obviamente.
É indignante ver funcionários e políticos viajando para congressos, aceitando da Acsoja um "all inclusive", assistem a suas reuniões nas Bolsas de Comércio ou Sociedades Rurais, decidem com eles a legislação para se aplicar ou para se reformar pelas costas do povo, que nunca será o beneficiário dessas transações. Vivemos os piores casos em Santa Fé, é vexatório escutar como relativizam o tema, não querem escutar e nos atacam por informar. A imprensa, em sua cumplicidade, só publica o circo dos políticos brigando entre si e idolatra a soja de forma obscena.

Adital - Informações dão conta de que na próxima temporada se semearão cerca de 18 milhões de hectares com soja transgênica. Ou seja, mais glifosato. Como estão os processos para a proibição dessa substância no país?

Graciela Cristina Gomez - Em "stand by", soa melhor que "engavetados". Um secretário de ambiente, que já deveria ter renunciado, opina ante o projeto que, "se algo é proibido, deve ser com uma finalidade", lhe contestamos que essa finalidade é a saúde do povo argentino, evitar um futuro de meninos idiotas, como denuncia o Dr Gomez Dimaio, mas sua única preocupação é "que não afete economicamente o país", segundo expressou nos meios de comunicação.
Por outro lado, a minha província se horroriza com os dados que aportamos, aos meios quando governo, deputados e médicos não deveriam, a essa altura do tema, desconhecer os percentuais de doentes de Santa Fé. Estão mais preocupados em como se dividir os lucros da soja, enquanto a província se faz água por todos os lados, ainda sem uma nova inundação. Segundo dados de Walter Pengue, para 2015 a produção poderia chegar a um crescimento de mais de 60% com relação à média das três últimas campanhas. Quanto ao consumo de fertilizantes total de 6,3 milhões de toneladas para 2015, frente aos quase três milhões atuais. Em uma loucura, em pouco menos de quinze anos, o consumo de glifosato se multiplicou 180 vezes.
Adital - Recentemente se realizou a Jornada do Observatório do Glifosato. Que avanços concretos apresentou o evento?
Graciela Cristina Gomez - Há um antes e um depois dessa jornada, a convocatória da deputada Julia Perié foi de suma importância, levar o tema ao Congresso da Nação é uma oportunidade que ninguém nos brindou antes. O debate realizado e a informação apresentada foram de tal magnitude e tão abrumadora que muitos presentes expressaram sentir calafrios de ver as imagens e dados de bebês com malformação que cada expositor, das diferentes províncias, descreviam com detalhes. Não deixaram lugar a dúvidas, apenas certezas, de que estávamos todos ali buscando uma solução urgente do governo.
A gente pede informação da jornada porque a censura se encarregou de que não se publique nos meios, só o apoio das Missões e uns poucos meios independentes informaram a apresentação de cientistas, médicos e ONGs que ocorria no congresso.
Adital - Que avaliação você faz do envolvimento da sociedade de modo geral com esse tema? Existem campanhas que tratem do assunto e de seus danos para a população? Ou apenas a população das regiões afetadas conhece a dimensão do problema?
Graciela Cristina Gomez - Não há campanhas, damos palestras em escolas rurais, em lugares onde nos pedem que vamos com ONGs e o Dr. Paramo, mas por parte das autoridades, e dos povos fumigados custa tirar uma ordem, o pseudo-campo domina todas as esferas, minha província é um feudo em pleno século XXI. Buenos Aires recentemente ecoou o tema porque estavam fumigando com glifosato as vias do trem, em plena Capital Federal e até atrás da chácara presidencial, quando se inteiraram que o "matayuyos" é Round Up, aderiram a nossa luta. Isso se repete em todo o país, as municipalidades e comunidades o usam para praças, parques e margens das rotas. Isso é cumplicidade, não é ignorância.
Adital - Em alguns poucos países, tem sido proibido à Monsanto - como principal símbolo dessa cultura nociva - plantar soja transgênica, devido às incertezas que, todavia, rondam a questão dos alimentos geneticamente modificados. Pensa os verdadeiros efeitos ambientais, humanos e financeiros que essas indústrias geram?
Graciela Cristina Gomez - Efetivamente, mas há um motivo: a cumplicidade de cada país onde se pretende penetrar, violando a legislação e o princípio precatório. O genocídio massivo do Plano Colômbia, a cumplicidade de organismos internacionais, chama-se FDA e OMS, FAO ou quem corresponda regular e advertir sobre esses venenos e os cúmplices locais SENASA, CONABIA, CASAFE, dentre outros.
Todos olham para o outro lado, saem nos meios sem pudor, dizendo que o herbicida é melhor que o sal de cozinha. Lhes convido que tomem café com glifosato e seu coadjuvante, coquetel que usam para fumigar e, em alguns meses, falamos de novo... Sabemos o que produz, mas eles não podem demonstrar o contrário, ainda com fraudes nem pagando cientistas, Golias tem os pés de barro, os dias contados, como muitos desses funcionários.



Do Jornal Valor sobre a possível proibição do Glifosato na Argentina:

Assunto: Agronegócios
Título: 1x Argentina sob pressão para proibir o uso de glifosato nas lavouras
Data: 05/06/2009
Crédito: Jude Webber e Hal Weitzman
Jude Webber e Hal Weitzman, Financial Times

O governo da Argentina está sendo alvo de pressão para proibir um produto químico usado no herbicida mais vendido do mundo, que ajudou a transformar o país num importante exportador de alimentos mundial na década passada, depois de uma nova pesquisa ter constatado que ele pode ser prejudicial à saúde humana.

Um grupo de advogados ambientalistas peticionou à Suprema Corte requerendo a imposição de uma proibição por seis meses sobre a venda e uso do glifosato, base de muitos herbicidas, incluindo o Roundup, produto da Monsanto.

Uma proibição, se aprovada, significaria "que não poderíamos praticar agricultura na Argentina", diz Guillermo Cal, diretor-executivo da Casafe, associação de fabricantes de fertilizantes do país.

A Argentina tornou-se uma potência mundial na exportação de alimentos, em grande parte por meio do uso de grãos geneticamente modificados projetados para resistir ao glifosato. Isso permitiu aos produtores de soja elevar o rendimento dramaticamente, por plantarem diretamente sem limpar a terra, logo em seguida pulverizando o herbicida para matar as pragas sem afetar a nova lavoura.

O país é o maior exportador mundial de óleo de soja e segundo maior na exportação de milho, terceiro em soja e sétimo, em trigo. O glifosato é o herbicida mais usado e os produtores gastaram com ele cerca de US$ 450 milhões por ano e usam 150 milhões de litros anualmente nas suas lavouras, diz Cal.

Qualquer proibição sobre o uso do glifosato poderá ter graves consequências fiscais: o governo argentino, já carente de recursos, depende pesadamente das tarifas impostas às exportações agrícolas. Ele deverá arrecadar aproximadamente US$ 5 bilhões este ano, apesar de a soma ser apenas cerca de metade do nível do ano passado, após um prolongado conflito com os produtores rurais, uma seca amarga e preços mais baixos reduziram drasticamente a produção da soja, principal cultura do país.

"Sabemos que estamos enfrentando Golias", diz Mariano Aguilar, diretor-executivo da Associação Argentina de Advogados Ambientalistas, que pleiteou em ação a proibição sobre a venda e uso do glifosato, enquanto se aguarda o resultado da investigação feita por uma comissão de especialistas criada em janeiro pelo governo.

A iniciativa de Aguilar veio no rastro de uma investigação liderada por Andrés Carrasco, um cientista da Conicet, instituto de pesquisas que recebe recursos do governo. Segundo a pesquisa de Carrasco, mesmo minúsculas quantidades de glifosato poderiam causar má-formação embrionária em rãs e, por extrapolação, ter implicações para humanos. "Suspeito que a classificação de toxicidade do glisofato seja muito baixa... em alguns casos isso pode ser um veneno poderoso", disse Carrasco. Ele diz que os residentes próximos das regiões produtoras de soja relataram problemas a partir de 2002, dois anos após as primeiras safras começarem a usar grãos transgênicos, cujo uso foi aprovado na Argentina em 1996.

Pesquisas conduzidas por outros cientistas argentinos e evidências levantadas por outros ativistas indicaram elevada incidência de defeitos de nascença e câncer em pessoas que vivem perto das regiões de pulverização das lavouras. Estudo conduzido por um médico, Rodolfo Páramo, na provincial agrícola de Santa Fé, relatou 12 deformações a cada 250 nascimentos, bem acima da taxa normal.

Carrasco diz que sua pesquisa usou glifosato puro, bem como herbicida contendo cerca de 500g de glifosato por litro - a concentração padrão em muitos fertilizantes -, que diluiu 5 mil vezes.

A Monsanto diz que seus produtos Roundup contêm 360g a 540g por litro, e 680g a 720g por quilo, no caso de sólidos. Ela destaca, porém, que detém apenas um terço do mercado argentino, uma vez que o glifosato está sem patente há vários anos, e que outros produtores oferecem produtos genéricos com distintas concentrações do produto químico. O executivo-chefe Hugh Grant disse ao "FT": "Não estou preocupado com o estudo. Na minha opinião, a investigação é questionável". A empresa sustenta que o produto é seguro para humanos e usado sem efeitos secundários nocivos por décadas.

Carrasco diz que "existe um número grande de interesses em ação" para que o glifosato seja proibido. Mas as autoridades poderão começar a isolar o problema implantando controles eficazes onde as lavouras são pulverizadas. (Tradução de Robert Bánvölgyi).


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